Linha dura, mas 'sensível', Ênio Vecchi busca seleção de perfil mais agressivo
Após primeira semana de treinos à frente da equipe, técnico recebe elogios de jogadoras e trabalha para melhorar condicionamento físico para o Pré-Olímpico
Ênio Vecchi durante treino da seleção brasileira
(João Gabriel Rodrigues / GLOBOESPORTE.COM)
Da linha lateral, Ênio Vecchi orienta. Anda de um lado para o outro, acompanha o ritmo das jogadas e não poupa a voz: “Vamos, vamos, vamos”. Já no fim das atividades, reúne todas as jogadoras no centro da quadra para a corrente final. Em uma semana de treinos à frente da seleção brasileira, em São Caetano do Sul, o técnico parece estar à vontade em sua primeira experiência no comando de uma equipe feminina de basquete.(João Gabriel Rodrigues / GLOBOESPORTE.COM)
Nos primeiros treinos, Ênio deixou claro que vai manter boa parte de sua metodologia de trabalho da época do basquete masculino. Quer, assim, melhorar o perfil físico de sua seleção: "Vai fazer uma grande diferença lá na frente". O resultado aparece nos rostos das jogadoras e nos gemidos de dor ao fim das atividades. Nenhuma reclamação, porém. Se a cobrança é grande, atletas, como a ala Micaela, no entanto, ressaltam a tranquilidade do novo treinador na hora de fazer suas exigências.
- Não tem nem comparação (em relação ao último treinador, o espanhol Carlos Colinas). Ele é brasileiro, conhece mais a gente, sabe como nós somos. Nem parece que ele nunca foi técnico de um time feminino. Nem sei se eu posso dizer isso, mas ele tem sensibilidade. E precisa disso, né? Se ele chegasse aqui e desse um grito, a mulherada ia gelar – disse Micaela, aos risos, lembrando também da relação com o técnico anterior.
Chamado de sensível, Ênio solta um sorriso, em uma mistura de timidez e orgulho. O treinador afirma que foi bem recebido pelo grupo, que, até agora, tem correspondido durante os treinamentos. Ele, porém, não descarta uma mudança de postura no momento em que for preciso.
- Acho que, no aspecto de recepção, de trabalho, a semana foi muito produtiva. Teve empatia, e a entrega delas foi total. Eu tentei trazer um pouco do aspecto das equipes masculinas, o que é importante, uma agressividade maior na defesa e como um todo. Isso é importante. Mas, lógico, em alguns momentos, vou me exaltar um pouco mais, faz parte do dia a dia de treinos. Elas estão treinando bem. Minha reação é o espelho do que elas fizerem. Técnico precisa ter feeling para isso – afirmou o treinador.
Jogadoras e comissão na corrente final do treino (Foto: João Gabriel Rodrigues / GLOBOESPORTE.COM)
Quando divulgou sua primeira lista à frente da seleção, Ênio foi avisado por Hortência, diretora de seleções da CBB, de que não demoraria muito para que sentisse as diferenças de se treinar uma equipe feminina. O técnico diz que, por enquanto, nada muito diferente, mas que o primeiro grande teste vai ser a semana que o grupo vai passar na China, com dois torneios amistosos.- A grande referência vai ser a semana de torneios na China, tenho certeza. Havia a expectativa, até por minha parte. E a resposta foi imediata. Estão muito concentradas, procurando fazer o que pedimos.
Ênio, no entanto, diz que precisa estar cercado de profissionais especializados, até para facilitar a transição. Ele afirma que, em breve, a seleção terá um encarregado da parte psicológica das jogadoras, que servirá para orientá-lo na melhor forma de conduzir a equipe.
- A gente tem conversado muito sobre isso. É um trabalho integrado, com ginecologista, fisioterapeuta... Precisamos estar cercado pelo máximo de profissionais. Não pode faltar esse trabalho psicológico, observando do lado de fora e falando com a gente. É importante.
Na próxima segunda-feira, a seleção deixa São Caetano e parte para a China, onde vai disputar dois torneios amistosos, contra as donas da casa, Austrália e Nova Zelândia. Depois, o grupo volta ao Brasil e terá algumas semanas de descanso até a nova convocação, no dia 17 de julho, já para o Pré-Olímpico.
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